sábado, 19 de setembro de 2009

Perdi meu norte....

Desculpem minha ausência prolongada...mas coisas acontecem em nossas vidas das quais não conseguimos escapar, por mais que desejemos, por mais que não queiramos pensar nesse assunto, ele vem e acontece para todos.
Eu sempre pensei na morte, mas sempre me achei uma privilegiada porque até bem poucos anos eu ainda tinha meus dois avós, pai e mãe, tios e tias, primos e primas. A única morte pela qual eu havia passado, foi de um primo em circunstâncias muito especiais e previsíveis.
Mas sempre pensei como iria me comportar, como iria enfrentar a perda de alguém muito próximo de mim. Aí de repente, perdi minha avó Doméia, uma referência na minha vida, uma mulher forte e determinada que criou seus 10 filhos sozinha, revendendo roupa que comprava no Brás. Ainda me lembro de algumas vezes em que ia com ela naquele bairro varejista de São Paulo, achando que ia ajudá-la...no final eu só atrapalhava, mas adorava ver aquela mulher de braçcos fortes carregando imensas sacolas pelo trem. Doméia partiu depois de muito sofrimento, vários meses no hospital definhando. Foi uma experiência muito triste.
Depois perdi meu avô, com quem não tinha muito apego. Mas que era um homem divertido, daqueles cablocos arretados que pareciam que jamais morreriam, tamanha sua energia.
Poucos meses depois perdi um tio muito querido, com uma leucemia que o levou em algumas semanas. Foi um choque para a família inteira. Meu tio Lula era daqueles homens que faziam tudo de errado, fumava, bebia, abusava mesmo...mas justamente por isso parecia que viveria cem anos. Sofremos muito.
Mas nenhuma dessas experiências me preparou para o que aconteceu há exatos 19 dias, no dia 30 de agosto eu perdi meu maior referencial de vida, meu norte, a pessoa que não somente me colocou no mundo, mas que me ensinou absolutamente tudo de bom e correto. Meu exemplo de mulher, de guerreira, de força e verdade. Perdi minha mãe.
E foi tão inesperado, tão repentino, que prefiro não entrar em detalhes aqui. Ainda dói demais, é uma dor física que machuca meio peito como se eu tivesse algum problema no coração.
Não consegui, desde então, entrar aqui para escrever nada. Não tenho conseguido fazer algumas coisas, mas tenho tentado em nome de tudo o que minha mãe sempre representou para mim, como exemplo de força, levantar todos os dias e dar um passo para a frente.
Nâo consigo entender, não consigo aceitar e ainda estou em batalha com Deus, pois Ele ainda não me deu uma explicação convincente do porque levar minha mãe justamente agora que estamos esperando a chegada de um milagre: o João.
E é justamente o João quem está me dando forças para enfrentar tudo isso, é incrível, mas ele entende perfeitamente quando o desespero me bate, e quando parece que minhas forças estão chegando ao fim, aí ele começa a dar cambalhotas na minha barriga, parece dizer: 'Hei, mamãe, eu tô aqui, viu? Não fica triste não, a vovó tá aqui comigo, cuidando de mim". É nisso que procuro pensar e acreditar, que ela está lá, com esse neto tão sonhado por todos nós, cuidando e preparando-o para vir a este mundo e cumprir a missão que está designada para ele.
Minha mãe foi uma mulher que não a este mundo a passeio, ela veio para deixar sua marca, e deixou. Em todas as pessoas que tiveram o privilégio de conviver com ela, ela se tornou inesquecível. Durante o culto que sua igreja fez em sua homenagem, eu sentia de pessoas que não conhecia um amor tão grande por ela que isso de certa forma me confortou.
A emoção do pastor ao falar dela, me deu um orgulho tão grande de ser sua filha que a dor até aliviou um pouco.
Minha mãe foi assim: enfrentou uma separação complicada de um homem que nunca soube respeitar e reconhecer o tesouro que tinha em casa, criou sozinha dois filhos longe de drogas e qualquer outra porcaria deste mundo, trabalhou muito, muito mesmo, fez de tudo na vida para sustentar a mim e a meu irmão, porque meu pai (se é que ele merece este título) nunca nos deu um centavo. E hoje ela tinha muito orgulho de sua família, sempre dizia que vivia para seus filhos e para sua neta e que a nossa felicidade era a felicidade dela.
Minha mãe cuidou de suas irmãs e irmãos, sempre estava presente para acolhê-los, levar primos e primas para hospital no meio da noite, recolher irmãs que era colocadas na rua por seus maridos loucos, ir na casa de uma irmã só para passar ajudar...sempre foi assim, sempre estava presente para ajudar, para dar uma palavra de carinho e de esperança.
E foi assim para todos que passaram por sua vida. Acho que o maior exemplo de sua vida e ficou marcado em mim, foi durante o culto do seu velório, quando uma senhora se aproximou de mim e disse: "Você não me conhece, mas eu conheço você de tanto que sua mãe falava de você. Ela tinha um orgulho tão grande de ser sua mãe que parecia que ia explodir. MAs sua mãe era uma pessoa muito sensível, ela foi a única pessoa na igreja que percebeu que eu estava passando por um momento muito difícil. Ela sentou do meu lado um dia aqui na igreja e disse: 'Você não está bem, minha irmã, está triste, mas não precisa me contar nada, eu vou orar por você' E ela não sabia que eu estava em depressão profunda, mas aquelas palavras me alegraram a alma e me deram uma força que eu pensei que não tivesse. Por isso eu queria que você soubesse como sua mãe era especial para mim".
Essas palavras, vindas de uma pessoa que eu nunca tinha visto e que tinha um amor tão grande por minha mãe, me deu um misto de dor por não tê-la mais ao meu lado, mas também um alento pelo privilégio de ter tido uma mãe como a minha.
Estou escrevendo de uma vez, sem pensar, sem medir palavras, porque senão não conseguirei terminar e quero muito seguir com este Blog que minha achava o máximo!
Quero fazer muitas coisas ainda nesta vida e muitas delas farei em homenagem a minha mãe. Sei que ela está me vendo, que está cuidando de mim e de todos os que ela amava, mas acima de tudo, sei que ela está cuidando do João, aliás ela já está curtindo o João antes de todos nós.
Mãezinha, tá muito dificil escrever, as lágrimas quase não me deixam encergar a tela do computador, mas eu tinha que fazer isso, passar por essa catarse para seguir em frente. Vou continuar com o Blog, vou escrever muito porque você adorava ler minhas bobagens, e quem sabe não vou chegarei a escrever essas bobagens em um livro, não é?
Eu sei que minha missão com o João está apenas começando e tenho a mais absoluta certeza de que você me ajudará de outras maneiras a cuidar de nosso pequeno.
Sinto muito a sua falta. Vejo você em todas as partes. Ouço sua voz cantando os velhos hinos da igreja que só nós duas conhecíamos de cor...uma parte de mim se foi, um parte preciosa, mas você sempre dizia que tinha orgulho por eu ser forte e não ter medo de enfrentar os problemas dessa vida. Assim, em sua homenagem, serei mais uma vez forte, tão forte como eu nunca pensei que pudesse ser e vou seguir em frente, com alegria no coração e tentando lembrar de tudo o que você me ensinou e do exemplo que você deixou.
Te amo, mamys...te amo muito!
Um beijo da sua filha e do seu neto João.

8 comentários:

  1. Amiga MEIRE, jamais pensei que voce estivesse
    passado por mais uma experiência da vida. Que para nós filhas , é difícil de aceitar.
    Somente o tempo , fará que seu coração se
    aquiete, porem a saudade permenecerá para sempre.
    Que Deus te abençoe a voce e sua família.
    Com carinho
    Celia Meyer

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  2. Mê, não sei o que dizer. Convivi com ela e sei que suas palavras são verdadeiras. A única coisa que posso pedir ao Senhor é que nesse momento o Espiríto Santo venha sobre você te dando consolo, confortando seu coração, dando forças a você e aos seus, uma vida que você ama partiu porém outra vida está chegando, o Senhor te ama tanto e preparou tudo pra você não se sentir sozinha...Pense nisso.
    Abraços
    Guida

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  3. Amiga e Comadre!
    Não sinta sua falta e sim sua presença. Dona Geni não morreu; ninguém morre; continua outro estágio da vida. Ela retornou à nossa Pátria de origem, a PÁTRIA ESPIRITUAL.
    Tenha a certeza que Fernando Pessoa estava certo quando disse "a morte é apenas uma curva na estrada".(o que dificulta nossa visão de quem partiu - dificulta, mas não impossibita).
    Pense positivo e transmita a ela (assim como tenho feito)toda esperança e optimismo; pois estamos ligados pelos fios do pensamento e ela captará tudo. (inclusive seu desespero ou tristeza, porisso, evite-os).
    Tenha fé porque Deus é Pai e quando fecha uma janela, abre uma porta.
    Como está sua gravidez? Quando chega o João? E a Estefanie, como reagiu e como está?
    Estamos torcendo por vocês.
    (n/consigo contactá-la pelo mail; tudo é devolvido).
    Um beijão muito saudoso a todos!
    Tenha certeza que Dona Geni marcou sua presença em nossas vidas e isto ninguém tira.
    Fique com Deus
    Aparecida

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  4. eu sou a comadre de seu maridão.Fiquei mto comovida com esse seu relato, que da qual tb perdi meu alicerce(meu PAI)e sei o que deve estar passando,mas tenha uma certeza:é mais um anjo orando por nós lá em cima.E, é duro falar... mas com o passar dos anos, essa dor fica branda,anesteciada, fica a saudades...gde,essa não vai embora nunca,mas o coração não doe tanto.As vezes ela ainda aperta, então vc chora... mas logo ela passa,ainda não sei se é bom ou ruim e tão pouco quero saber.Sei que o meu amor não mudou por ele ainda esta em meu peito e falo aos meus filhos como era seu AVÔ.

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  5. Querida!
    Achei seu blog pesquisando no google alguém que estivesse numa situação parecida. Também estou grávida de um João, mas é João Pedro, e perdi minha mãezinha do coração há uma semana. Adorei teu texto. É muito difícil. A pessoa que mais amava na vida. Mas o João é a minha grande força e motivação. Um abraço e força pra nós. Fabiana.

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  6. Oi! Eu nem te conheço mas já te amo, acredita? Estou passando por uma dor desta. Estou grávida de 5 meses. Meu primeiro filho e primeiro neto de minha mãezinha. No dia 20/03, Deus levou minha mãe pra ficar junto dele... me identifiquei muuuuuuuuito com vc. Qd li seu relato parecia que era eu falando. Minha mão parecia muito com a sua mãe. Minha mão também era serva de Deus e nunca viveu para ela. Sempre viveu para ajudar as pessoas. No enterro dela só aparecia pessoas dizendo o que ela tinha feito. Coisas que e nem sabia.
    Meire, a nossa dor é imensa... não existem nem palavras para expressar o tamanho da mesma. Mas temos que ser fortes! Acreditar que elas estão co o Senhor Jesus. E que Ele sempre faz o melhor, apesar da dor. Queria muito manter um contato com vc. Um grande abraço de uma filha que está sofrendo como vc.

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  7. Lidiana, me passa seu email pra termos um contato mais próximo...não tem como eu te achar por aqui...bj Meire

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  8. Meire, meu e-mail é lidianacosta2004@yahoo.com.br

    Bj Lidiana

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