terça-feira, 1 de dezembro de 2009

RELATO DO PARTO

Vamos lá mulherada...o que todas as grávidas de plantão estavam esperando: o relato ‘nu e cru’ do parto.
Bom, como vcs sabem fui ao médico na segunda as 13hs. Já com frio na barriga porque já estávamos decididos a marcar para aquele dia mesmo. Dr Sergio, naquela calma que lhe é peculiar disse que precisaríamos ver como eu estava e se o João já tinha encaixado etc etc....v amos à rotina: peso, medida, pressão, batimentos, encaixe....
Peso: gentennnnnnnnn!!!! Emagreci 1 kilo...Jesus me defenda! Nem acreditei no que dizia aquela balança maldita e pré-histórica, até fiz as pazes com ela e disse pra não a mal tudo o que falei e pensei dela....
Medida da barriga: só crescendo como sempre,
Pressão: Ops...um pouco alta – mas ele aliviou pela ansiedade,
Encaixe: João encaixado
Batimentos: fortes como sempre
Aí voltamos a sala e ele disse: não passa mesmo dessa semana, aliás vc já está com contrações...EU NÃO TO COM CONTRAÇÃO! Risos ...não sei pq ainda teimo com ele...se diz, eu estou e ponto!
Bom, lá foi ele fazer as contas dele que ninguém consegue entender ..enquanto isso ...marido e eu olhando um pra cara do outro naquela ansiedade...pré vestibular!
“Muito bem, vamos marcar para amanhã bem cedo, tudo bem?” “bom, bom não ta NE? A gente queria pra hoje...mas vamos lá!
Aí ele ligou pra maternidade pra ver como estavam os agendamentos de cirurgia para o dia seguinte cedo....TUDO LOTADO! Cidade do interior minha gente...a maternidade tem 3 salas completas de cirurgia e uma de apoio...aí ele olha pra nós dois, e faz a pergunta que não quer calar: e hoje final da tarde? Tudo livre? Ah, então marca aí pra mim que vou reunir a equipe.
Não sei se fazia: Ufa! Ou Ai meu jesuis! Fiquei com a mescla dos dois...
Virou pra mim e disse: jejum absoluto de agora pra frente! Sim, senhor...e interna Lá pelas 17hs...a gente se vê na sala de cirurgia às 19hs. SIM SENHOR!
Frio na barriga era iceberg perto do gelo que eu tava sentindo...pobre do João deve ter pegado um belo resfriado lá dentro.... mas vamos lá NE? Quem está na chuva é pra se queimar ...já dizia não lembro quem!
Bom, resumindo, as 16h30 lá estávamos marido e eu, e as malas (minha e do João) na recepção da maternidade. Aí vem a burocracia...e autoriza aqui e ali, e aguarda um minutinho...bom aí foi quase 1 hora...tudo certo, entramos marido e eu na ala da maternidade e fomos pro quarto...não consegui ficar no lilás pq já tinha uma recém-mamãe lá....ficamos no azul e verde e sei que João ficou mais contente com esse.
Dali a pouco já entra um enfermeira com aquele camisolão ridículo aberto atrás pra eu vestir: Tira tudo ta mãe! Tudo mesmo! Ok...vou tirar...só não tirei as lentes de contato e não tiraria por nada desse mundo...já tinha ido decidida a não falar nada pra ninguém sobre as lentes e não falei mesmo...só contei pro marido que eu já sabia que tinha que tirar, mas que achava ridiculo, pq eram regras que mudavam de um hospital pra outro, e minhas lentes são daquelas de longa duração, eu fico com elas meses sem tirar...então não tiraria mesmo. Pq ficar pelada, ser cortada, ficar totalmente à mercê de outras pessoas eu ficaria, mas cega...jamais!
Aí ficamos lá, tão nervosos que não tínhamos assunto....acho que pela primeira vez em nossa vida juntos. Mas nem demorou muito, dali a pouco a porta se abre e aparece aquela maca que vimos em filme e duas enfermeiras simpáticas e brincalhonas: Pronta, mamãe? Eu respondi na lata: NAOOOOOOOOOOOO!!! Elas riram e disseram: Tarde demais! Agora é vai e vai! Me resignei ...pelo João! Deitei na maca, peguei na mão do marido e ele dá aquele sorriso que pretende ser encorajador e diz: Daqui a pouco eu to lá do seu lado! Pobrezinho, sei que tava se fazendo de forte por mim e pelo João. Se pudesse, não chegaria nem perto daquela sala de cirurgia.
Fui sendo levada por corredores compridos e só o que via eram as luminárias passando...putz, eu era personagem do plantão médico, daqui a pouco apareceria o George Clooney pra me atender...ah não ...ele era pediatra e não obstetra!
Entrei na sala de cirurgia...toda modernosa, cheia de aparelhos e equipamentos de tortura....ops, quero dizer, de equipamentos médicos. Aí, colocaram dois suportes de apoio dos braços: vc fica deitada, pelada e de braços abertos...eu diria que um retrato da crucificação....pior, NE? Jesus não estava pelado pelo que li nos relatos bíblicos. Enfim, meninas: a palavra de ordem aqui é RESIGNAÇÃO. Não tem alternativa, creiam! Bom, em um braço fica o aparelho de pressão conectado em você para monitorar a pressão de cinco em cinco minutos, e no outro, aiiiiiiiiii...já estava espetando uma agulha e colocando o soro e um monitor no dedo indicador
Ah, sim, detalhe importante: depois disso amarram seus braços...é serio! Literalmente amarram seus braços nos suportes....como eu disse: resignação.
Nessa altura os médicos já entram batendo papo sobre imposto de renda...nem me olham, afinal uma barriga a mais, uma barriga menos...só a anestesista veio se apresentar, Dr.a Denise, super hiper mega simpática, me explicou o procedimento, pediu que eu sentasse como Buda se pudesse...eu podia...lembrem-se que eu emagreci um kilo ora essa! E baixasse a cabeça (tipo alongamento ... como se Joao deixasse !) disse que eu sentiria a picada, mas só isso ...o líquido eu não sentiria...e não senti mesmo...a picada foi super light, quando eu deitei novamente já comecei a sentir as pernas formigarem e a sensação vai subindo acompanhada de uma dormência até que gostosa.
Nesta altura eu só queria saber onde é que estava marido. Que chegou em seguida, mas tece que ficar num lugar de honra reservado para os pais, ou seja, bem de cara com a saída do bebe, tudo o que ele não queria ver. Ao meu lado ficou a anestesista que ia me relatando tudo o que estava acontecendo. Sabe que foi até melhor: primeiro porque marido pode enfrentar seus medos e ver quase tudo o que acontecia, teve o privilegio de ver a saída ou melhor, a chegada de nosso filho e também para mim, pois a médica ao meu lado me deixava tranqüila, dizendo o que ia acontecendo: estão cortando, vc não vai sentir quase nada, agora a cabeça dele vai sair, estamos pressionando sua barriga agora para ajudar o bebe a sair, vc vai sentir a pressão por isso respire fundo. E assim foi. Quando a cabeça do Joao saiu só escutei marido dizer: Amor, o bicho é cabeludo!
E eu só querendo saber se era perfeito. Cabeludo, careca, moicano....tanto faz! Mãe quer saber: tem todos os dedinhos? O nariz ta no lugar certo? Ai gente, não riam, mas mãe é assim mesmo....enfim, João veio como deveria vir: PERFEITO. Quase 3 kilos (2.970kg) e 49cm. Meu medico ficou meio decepcionado, até brincou com a pediatra dizendo que ela tinha pesado errado porque o João já estava com 3.200kg....como assim menos de 3kg? Mas o que me importava mais de 3, menos de 3...João tinha chegado a esse mundo. E chegou chegando, soltando o pulmão pra quem quisesse escutar.
Vou ser repetitiva como qualquer mãe: é o som mais maravilhoso, mais esperado e único. A sensação é única. Um misto de alivio e alegria que realmente não dá pra descrever. A pediatra o levou para os testes e o pai foi logo atrás...ta bom que ia se preocupar com a mãe. Certo ele! A parte boa já tinha acontecido, agora era só ‘restaurar’ o estrago.
Dali a pouquinho trouxeram João pra eu ver. Novamente outra sensação que por mais palavras que usemos não chega nem perto...sentir o rostinho do seu bebê junto do seu é maravilhoso demais. Mas eu queria ver o saquinho....e vi! Coisa mais linda....
Bom, enquanto tudo isso acontecia, meu médico e seu assistente estavam lá batendo o maior papo sobre imposto de renda e me costurando...vc sente que estão mexendo em vc, mas não sente absolutamente nada. Também não senti enjôo, graças a Deus. São minutos longos demais, parece que nunca mais vai acabar....a anestesista fica do seu lado monitorando e o negocio é ter paciencia.
Quando eles terminam, vão embora...aí o serviço é com o enfermeiro que te prepara para levar ao quarto: te limpa, coloca a sonda, retira aqueles negócios que monitoram seu coração, desmontam a barraca que montam em cima de vc e por ultimo soltam seus braços. Aí colocam o camisolão ridículo ...que nessa altura do campeonato parece mais com uma linda camisola de seda e começa seu caminho de volta....
Na cabeça uma só coisa: VER O JOÃO, pegá-lo, senti-lo, beijar beijar beijar....
Mas seu estado não inspira muita confiança não viu? Primeiro que vc está totalmente sem movimento da cintura pra baixo....que sensação ruim... mas aí chega no quarto, meio grogue, vê o marido todo emocionado, cunhada e sogra berrando no corredor do berçário e irmão querido e amado vindo te beijar....ai ai, estou em casa...
Agradeço a Deus e a minha mãe querida, que esteve do meu lado o tempo todo, me acalmando, me protegendo, eu vi nitidamente seu rosto, seu sorriso dentro do centro cirúrgico. Sei e tenho toda a certeza do mundo de que ela preparou a vinda do seu neto querido e esteve comigo durante todo o tempo para que tudo corresse bem...obrigado mamy...mesmo ainda não entendendo a sua partida, ainda mais agora que precisamos, João e eu, da sua presença, do seu amor, dos seus conselhos, mesmo assim este momento e o momento em que vi a Stefanie pela primeira vez são, sem dúvida, os dois momentos mais importantes da minha vida.
Enfim, foi uma experiência que não dá pra esquecer mesmo. Mas foi bem mais leve do que pensei...dá pra enfrentar na boa, meninas ! Se eu, uma grávida idosa, tirou de letra, todos podem, certo?
Tomei banho logo na madrugada e tomei sozinha hein? Também tirei as bandagens e tudo sozinha. A anestesia já vai embora horas depois, vc começa a sentir as pernas voltarem e é bem esquisito. Ah, não pode levantar a cabeça de jeito nenhum por 6 horas, porque senão vai ter uma dor de cabeça de arrancar os cabelos. Então é meio ruim essas horas iniciais, alguém tem que te ajudar a amamentar, pq não dá pra se mexer, mas as enfermeiras são ótimas e ajudam mesmo.
Depois das 6 horas, te trazem um chazinho com bolacha que mais parece uma pizza de tanta fome que eu estava. Depois disso, lembro que dormi um pouco, mas logo João já reclamava de fome e lá vamos nós tentar iniciar esse processo difícil no começo, mas infinitamente maravilhoso: amamentar.
Bom, como eu disse, minha recuperação foi rapidinha mesmo...mas não esperava que teríamos que enfrentar uma barra logo a seguir. Vou contar no próximo post.
beijokas,
Meiroka

2 comentários:

  1. adoro o jeito q vc escreve pq imagino vc narrando a historia...uma coisa tipo Cid Moreira
    rsrsrsrs

    beijo só pro João pq como vc disse agora a mãe cai no esquecimento.

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  2. incrível sua historia parabéns,e muita saúde para o joão,um super beijo

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